- Entende-se pelos diálogos das diversas églogas de Sá de Miranda que o autor se figura em Turíbio e, na égloga Alexo, Turíbio afirma: Anton, a dizir verdad, / pues com ella me esconjuras, / nunca supe hablar a escuras, / voyme por la claridad. Tal como a figura da Comédia no prefácio de Os Estrangeiros: Eu trato de coisas correntes, sou muito clara. Folgo de aprazer a todos (…) que não é muito boa manha de dona honrada (etc.); palavras em contraposição: a mim nunca me aprouveram escuridões, [pois] nem falo senão para que me entendam… Onde, com estas palavras marca a sua posição em relação a obras mais complexas e eruditas, obras com sentido oculto (a hiponóia grega) – só para alguns, os mais bem formados as entenderem – as obras de Gil Vicente.
Sobre o que se entendia então por escuridões, e hablar a escuras, leia-se a obra de Leonel da Costa (1570-1647) nas traduções de Virgílio, quando diz: «As Eclogas e Geórgicas de Vergílio. Primeira parte das suas obras, traduzidas do latim em verso solto portuguez. Com a explicação de todos os lugares escuros, história, fabulas que o poeta tocou e outras curiosidades…». Sublinhámos lugares escuros, para destacar o que se entendia por escuro (e escuridão): algo próximo de mais difícil de compreender ou de perceber, sem que seja pejorativo ou criticável.
- Bieito, nome galego de origem latina, refere-se às palavras bene dicto com o significado de “bem dito”, também interpretado por aquele de quem se fala bem, ou aquele que fala bem.
Mas, em português veio obter ramificações deformadas passando de Benedito a Bento.