Como é habitual nos autos de Gil Vicente todos os pormenores são importantes, tudo tem um sentido que figura um qualquer facto real. Não cabe aqui toda a descrição, mas por exemplo, o facto do Centúrio II, Henrique VIII, não poder ter por agora um descendente varão, com a vitória de Carlos V tornou-se uma realidade, pois será impossível obter do Papa a anulação do seu casamento, ficando sem unhas para fazer prol, expressão que surge na descrição que Levi faz a Aroz.
...Levi: Uns, ficam pelados,
outros, sem dentes e braços quebrados,
outros sem unhas pera fazer prol,
e todos o viram fora do lançol
sair do penedo, todos acordados,
em saindo o sol.
Uma das questões fundamentais para a Igreja, após a derrota das pretensões do Papa Clemente VII, era a conservação dos vários domínios territoriais do Estado Pontifício, e para o Papa, um Medici, era de fundamental importância a questão pessoal dos domínios italianos da sua família, nomeadamente Florença, que antes da guerra era um dos Estados aliados do Papa. Todavia, durante o conflito, Florença havia declarado a República e expulsado os Medici. Nem o Papa, nem o Imperador Carlos V, lhe detêm o controlo. No acordo celebrado o imperador compromete-se a entregar Florença aos Medici, mas a situação no terreno é complicada.
Cristo, o Messias, é aqui neste auto Carlos V, e o foral é o Senhorio de Florença, entretanto com o “foral”, uma República. De momento o imperador mantém ainda o cerco a Florença, a guerra a Florença vai durar ainda alguns meses.